NOTÍCIAS
24 DE MARçO DE 2022
CNJ acompanha medidas para enfrentamento da crise no sistema penitenciário baiano
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai acompanhar as ações do grupo de trabalho interinstitucional formado por autoridades do Sistema de Justiça e do Poder Executivo da Bahia para enfrentar a situação crítica do sistema prisional no estado. Em fevereiro, uma rebelião no interior da Penitenciária Lemos Brito deixou seis mortos e 16 feridos. Para o supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), conselheiro Mauro Martins, que visitou o presídio na última segunda-feira (21/3), as violações de direitos no interior do sistema prisional podem ter contribuído para o estopim da violência.
“Constatamos as péssimas situações estruturais do estabelecimento, a falta de material básico, de pessoal vigilância e de assistências e outras carências que nos preocuparam muito. Há medidas que precisam ser tomadas de maneira emergencial. É indigno manter um preso sem acesso à água ou ao banho de sol, por exemplo. Essas situações têm de ser resolvidas até mesmo para reduzir a sensação de insatisfação generalizada que acaba redundando em rebelião, evidentemente”, afirma Mauro Martins.
Os problemas constatados na visita revelaram descumprimento de normas internacionais e constitucionais no que se refere à preservação da integridade física e mental das pessoas privadas de liberdade sob a proteção e responsabilidade do Estado brasileiro.
O supervisor do DMF reforçou a importância da atuação do CNJ diante de um contexto que reforça o estado inconstitucional de coisas do sistema penitenciário brasileiro: “Agimos como um mediador entre o Judiciário local e o Executivo local. E o fizemos até para reduzir outros danos iminentes a direitos de privados de liberdade e condenados que estão em liberdade. Fomentamos a articulação entre os órgãos, visando à superação das condições negativas que envolvem o encarceramento no Brasil”, explica o conselheiro.
Entre as falhas constatadas pelos membros do DMF estão severas deficiências no fornecimento de insumos básicos, superlotação e não acesso à saúde elementar. “A Penitenciária Lemos Brito funciona em evidente situação precária, com dois pavimentos, sendo que o térreo está desativado e todos estão confinados no segundo andar”, disse o coordenador do DMF/CNJ, juiz Luís Lanfredi.
Segundo o magistrado, foi apurado que estava em curso, no estado, a descontinuidade de políticas penais importantes, como a desativação do Escritório Social e o fim da política de utilização das tornozeleiras eletrônicas e alternativas à prisão.
Contratação de serviço e mais verba
Após a interlocução do CNJ e a criação de um grupo de trabalho pelo Judiciário local, o Executivo anunciou a contratação emergencial de servidores para fazer frente à escassez de funcionários na Secretaria de Administração Penitenciária do estado. Em reunião com membros do governo local, o coordenador do DMF também foi informado que há verbas para reforma emergencial e construção de uma nova unidade, possibilitando, a médio prazo, a abertura de mais 600 vagas.
Também foi empenhado o compromisso de manter em pleno funcionamento a Central de Monitoração Eletrônica, a Central Integrada de Alternativas Penais e o Escritório Social. “Nosso trabalho é ajudar as instâncias locais a se organizar. E deixamos a Bahia cientes de que órgãos locais já estão conectados e o Executivo está ciente e atuando para superar os graves problemas constatados. A unidade penal que visitamos, palco das mortes do último mês de fevereiro, atualmente funciona com projeção para 260 presos, mas abriga mais de 320, em condições absolutamente desfavoráveis. O estado da Bahia precisa buscar uma solução rápida para devolver a habitabilidade desse equipamento e a dignidade de cada privado de liberdade”, disse Lanfredi.
O conselheiro Mauro Martins ressaltou, no entanto, que há medidas emergenciais que precisam ser tomadas de imediato, como o restabelecimento do banho de sol e a necessidade de se recompor as visitas dos defensores públicos. Inclusive, a SEAP empenhou compromisso de oferecer ao Judiciário local plano de remoção imediata dos detentos da Penitenciária Lemos Brito. “São importantes essas medidas para o restabelecimento da normalidade da situação. O TJBA está retomando seus trabalhos presenciais e é importante que a Defensoria também esteja mais presente na realidade dos presídios baianos”, disse.
O grupo de trabalho para o enfrentamento da situação no sistema prisional da Bahia é composto por magistrados, membros da Secretaria de Administração Penitenciária, da Defensoria Pública, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), e representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos. O GMF local está na coordenação desse GT, enquanto os representantes do CNJ o acompanharão na condição de observadores, monitorando a implementação das medidas comprometidas e outras que se façam necessárias.
Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias
The post CNJ acompanha medidas para enfrentamento da crise no sistema penitenciário baiano appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
25 DE MARçO DE 2022
Supremo invalida leis estaduais e do DF que regulamentam imposto sobre heranças no exterior
Foi reafirmado o entendimento de que a matéria deve ser, primeiramente, regulamentada por lei complementar federal.
Anoreg RS
25 DE MARçO DE 2022
STF modula cobrança do imposto de transmissão sobre doações e heranças no exterior; especialista comenta
Em plenário virtual no início de março, o STF reafirmou entendimento de que o ITCMD, nas doações e heranças...
Anoreg RS
25 DE MARçO DE 2022
Divórcio consensual é decretado e plano de partilha é homologado com um dos cônjuges interditado
A Justiça do Distrito Federal decretou um divórcio consensual em que um dos cônjuges está interditado.
Portal CNJ
25 DE MARçO DE 2022
“Se Renda à Infância” incentiva destinação de parte do IR em prol dos direitos das crianças
Pelo segundo ano consecutivo, a campanha “Se Renda à Infância”, do Conselho Nacional de Justiça...
Portal CNJ
25 DE MARçO DE 2022
Central de Regulação de Vagas: CNJ lança ferramentas permanentes contra superlotação carcerária
A Central de Regulação de Vagas, metodologia com 11 ferramentas para apoiar o Poder Judiciário a equilibrar a...