As turmas capacitadas contam com profissionais da Equipe de Atendimento nas Audiências de Custódia (Apec), CIAP, Central de Monitoração Eletrônica (Cemep) e Escritório Social. O técnico do Programa de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, HIV/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana, falou da relevância do projeto pioneiro.
“Essa capacitação é uma experiência nova, inclusive, Sergipe é o estado-piloto. Eu achei a adesão por parte dos técnicos de grande importância e sei que vai ser muito útil no atendimento aos egressos do sistema penitenciário e locais de medidas socioeducativas. Eles agora vão saber como orientar quem tem HIV e hepatites sobre os serviços disponíveis e também as populações prioritárias sobre a necessidade de fazer os testes. Para os egressos que têm HIV e estão saindo do sistema penal, reforçar a importância de não interromper o tratamento, tanto para ter melhor qualidade de vida, quanto para evitar a transmissão”, relata o médico, demonstrando estar satisfeito com a capacitação.
A coordenadora estadual do Fazendo Justiça, Isabela Cunha, explica que o programa é desenvolvido em Sergipe desde 2019. “Estamos acompanhando as políticas penais, os diálogos entre Poder Executivo e Judiciário em relação a essas temáticas, ao longo desses três anos. No âmbito desses serviços, identificamos a necessidade de fortalecer e qualificar algumas questões de saúde e potencializar a atuação sobre as dinâmicas de prevenção, acompanhamento, diagnóstico em relação a diversas doenças e infecções. Além disso, promover a integração desses serviços numa rede que beneficie o público que está em contato com o sistema prisional”, destaca.
A respeito da capacitação, Isabela afirma que se trata de um ciclo que ocorrerá durante todo o mês de março, com vários momentos temáticos da saúde. “A ideia da capacitação é facilitar o diálogo dessas equipes com o público sobre uma temática que ainda é delicada, para que nossos profissionais tenham mais facilidade em consultar as pessoas sobre possíveis situações de exposição ao HIV, pessoas que precisam dar continuidade ao tratamento, poder entender quem são e prestar corretamente as orientações”, disse.
As temáticas estão sendo organizadas por módulos. Após o primeiro, sobre HIV e hepatites virais, serão oferecidos módulos sobre sífilis, hanseníase e tuberculose. O intuito é oportunizar que as equipes entendam essas doenças no público que acessa os serviços penais.
Para Roberta Santos Cruz, técnica de referência do Escritório Social, serviço voltado para o atendimento de pessoas que saem do sistema penal, desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas, pelo Fazendo Justiça (CNJ) e Tribunal de Justiça de Sergipe, a formação está em consonância com a realidade que ela encontra no dia a dia da profissão. “A formação é muito interessante por ser uma temática que se relaciona com o contexto de muitas pessoas que estão saindo do sistema penal e demandam algumas questões de saúde, tais como tuberculose, HIV/Aids e sífilis. É um tema que nos faz interagir muito devido à vivência que temos, então, vamos aprendendo a linguagem correta, o local para onde encaminhar. A pessoa soropositiva já tem todo estigma, mas com as orientações de Dr. Almir, a preparação desse profissional de saúde, aprendemos como abordar da melhor maneira”, expõe Roberta.
O diretor da CIAP, Cristiano Santana, acredita que o projeto trará bons frutos para os serviços do Judiciário. “É uma honra a CIAP estar sediando esse projeto-piloto para compreendermos como fazer uma escuta qualificada e humanizada em relação ao público em atendimento no sistema prisional. A proposta é efetivamente articular todos esses atores na qualificação dos serviços e a presença do médico Almir Santana, uma grande referência no Estado em relação ao tema das IST, vai ajudar na compreensão da melhor abordagem e os encaminhamentos que devem ser adotados quando o assunto é HIV/Aids”, finaliza com orgulho pelo projeto.